terça-feira, 9 de outubro de 2012

Distribuição Linux - UBUNTU

É um sistema operacional de código aberto construído a partir do núcleo do Linux e baseado no Debian. Todavia, diferencia-se do Debian por ser lançado semestralmente, por disponibilizar suporte técnico nos dezoito meses seguintes ao lançamento de cada versão, e pela filosofia em torno de sua concepção.  Sua proposta é oferecer um sistema que qualquer um posso utilizar, independente de sua origem, conhecimento em informática ou limitações físicas. é constituído basicamente pelo Software livre e deve ser gratuito. O seu nome deriva de uma palavra em sul-africano que busca passar a ideologia do software. Atualmente, a página do Ubuntu no Distrowatch é segunda mais acessada (com base anual).

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Atores e as vestimentas


Os atores eram sempre homens, mesmo quando os papéis eram femininos, pois em quase todas as polis, as mulheres não subiam ao palco para representar. As peças eram acompahadas pelo canto coral e por instrumentos musicais.

Os homens usavam máscaras para representar os papéis femininos, que deram origem às grandes obras do teatro ateniense. As Grandes Panatenéias, em honra da Deusa Atena, eram celebradas de quatro em quatro anos, com concursos de música e canto, corridas de cavalos e outras competições esportivas; finalizavam com uma procissão que percorria a via sagrada, para oferecer à Deusa o manto luxuoso. Era a festa mais importante da Cidade-Estado de Atenas.
Para tornar o ator mais visível usavam-se amplas túnicas e grandes máscaras de cartão, trapo ou terra cozida com dispositivos especiais adaptados à abertura da boca para dar ressonância à voz. Os sapatos, chamadas coturnos, eram plataformas de madeira muito altas para aumentar a figura do ator, ao representar os grandes heróis. As túnicas brilhantes, tradicionais das dionísicas, 
aumentavam a majestade dos atores quando eram solenemente arrastadas, todos os movimentos ostentavam a dignidade conveniente a deuses, semideuses e herois.

O coro



O primeiro diretor de coro foi Téspis, que foi convidado pelo tirano Préstato para dirigir a procissão de Atenas. Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras.

O "Coro" era composto pelos narradores da história, que através de representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e a platéia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um representante do coro que se comunicava com a platéia.
Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um "tablado" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites). Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se o primeiro ator grego.

Escritores da comédia


Na comédia antiga o principal foi Aritófanes (447 a.C. a 385 a.C.):

Apesar de ter escrito 40 peças só conhecenhos 11. É um escritor excepcionalmente agressivo, especializadona sátira social e política.
Seus conhecidos enredos, às vezes descuidados, e a linguagem obscena são herança da tradição literária grega anterior. Seu diferencial está nos diálogos, vivos e inteligentes, na agudeza das paródias, na criatividade das cenas e no poetismo dos corais. Em certas peças, como em "Os Pássaros" ele usa bastante de sua criatividade, criando cenários utópicos.

Aristófanes não poupou em suas críticas nenhuma figura ilustre, nenhuma instituição, nem mesmo os deuses. Atacou, às vezes injuriosamente, as inovações artísticas, morais, políticas e sociais da Atenas de seu tempo. Preocupou-se, acima de tudo, em defender a paz e advertir a população, sobretudo a rural, dos abusos urbanos.

Das 11 peças conhecidas de Aristófanes, destacam-se: 

  •  As nuvens, crítica aos metafísicos e aos sofistas, personificados em Sócrates, de quem, no entanto, o dramaturgo parece ter sido amigo;
  •  As vespas, em que se ridicularizam os tribunais;
  •  Lisístrata, em que atenienses e espartanos, pressionados por uma greve erótica de suas mulheres, fazem a paz;
  •  As rãs, uma sátira ao dramaturgo Euripedes;
  •  A assembléia de mulheres, uma caricatura do feminismo e das utopias socialistas; e
  •  Os pássaros, considerada a sua obra-prima.



E, na nova, foi Menandro (343 a.C. a 291 a.C.):

Filósofo, dramaturgo e poeta cômico grego, natural de Atenas.  De família rica, recebeu ótima educação e deve ter sido aluno de Teofrasto. Sua primeira peça foi Orge (321 a. C.) e, depois disso, escreveu mais de 100 comédias, das quais pouco chegou aos nossos dias, quase todas conhecidas apenas pelos títulos ou por fragmentos citados por outros autores antigos.
Os temas principais de suas comédias eram viagens, disputas familiares e amores clandestinos, e seus personagens eram inspirados em pessoas comuns, como cozinheiros, escravos, médicos, filósofos, adivinhos e militares. Devido as condições políticas vigentes em Atenas na época de Menandro não mais permitiam a sátira às instituições e homens públicos, característica da comédia antiga.
Quase todas as suas peças foram premiadas.Menandro desfrutava de grande valor e até o século V d.C era lido e comentado em todo o mundo antigo, do Egito aos confins ocidentais do Império Romano. Até o Apóstolo Paulo cita parte de um peça teatral de Menandro em 1 Coríntios 15:33 " Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes ".
Peças completas ou quase completas.
  • Aspis ("O escudo"; metade, aproximadamente)
  • Dyskolos ("Díscolo" ou "O misantropo") a única peça que sobreviveu inteiramente
  • Epitrepontes ("Os árbitros"; maior parte)
  • Perikeiromene ("A moça dos cabelos cortados";
  • Samia ("A garota de Samos"; quatro das cinco seções)
  • Sikyonioi or Sikyonios (metade, aproximadamente)

Resumo Da História Do Teatro Grego


Resumo Da História Do Teatro Grego

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Estrura do teatro



O primeiro teatro grego foi construído num terreno consagrado a Dionísio na encosta sudoeste da Acrópole em Atenas.


O teatro Dionísio tinha capacidade para 30.000 espectadores, sentados em arquibancadas semicirculares, escavadas na rocha das encostas da Acrópole de Atenas. Esse extenso arco era fechado por uma longa reta (a Skene), onde ficavam os vestiários dos atores e coreutas e os objetos que eram introduzidos em cena. Na parte central da Skene havia uma plataforma que era o palco propriamente dito (Logeion: Lugar de falar). O palco era estreito e elevado, mais de 3 metros do solo e o acesso era feito por rampas laterais. Acima do palco havia uma plataforma que era usada para as aparições dos deuses.
O coro ficava em baixo, numa depressão no centro do teatro, entre o público e o palco. O coro evoluía em torno do altar do Deus Dionísio (thymele) que era colocado no centro. Devido às grandes proporções do teatro, e à grande distância entre atores e público, a voz era muito importante no teatro grego. A “arte do ator” era considerada como o modo de adaptar a voz à expressão das distintas paixões.
A iluminação era feita através da luz de tochas.



Theatron: é o auditório propriamente dito.
Orchestra: local onde o coro cantava e dançava.
Eisodos: os dois acessos laterais para o coro entrar e sair de cena.
Skene: palco onde os atores atuavam.
Mechané: grua ou guindaste para elevar atores.




Escritores do drama

Os principais autores de drama eram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.

 
Ésquilo:
 
Nascido em 525 a C Ésquilo estava sempre colocado entre dois mundos ou princípios.
Dez anos antes que Ésquilo, fizesse sua estréia como dramaturgo encenando, em 490, estava na planície de Maratona com o grupo de atenienses que repeliu as hostes do maior império do seu tempo. Aos trinta e cinco anos era herói nacional.
Ésquilo celebrou a vitória sobre os persas escrevendo, oito anos depois, Os Persas.
O sopro épico de suas peças, seu diálogo exaltado, e suas situações, de paixão, pertencem a uma idade heróica.Há, em sua obra, um sentido de resoluto otimismo: o princípio certo sempre vence em seus conflitos filosóficos e éticos.
Ésquilo, filho de uma antiga família estava ao lado da nobreza não deixou de externar sua oposição à nova ordem.
A instauração da nova ordem atingiu até o Areópago (O supremo tribunal de Atenas) despojando-o de muitas das suas prerrogativas mais importantes. Ésquilo usou a tragédia de Orestes, em As Eumênides, para apoiar a instituição vacilante.
Mas é na sua abordagem à religião e à ética que mais afetou a qualidade e significado de suas tragédias. E novamente o encontramos postado entre dois mundos, pois Ésquilo é ao mesmo tempo um místico oriental ou profeta hebreu e um filósofo helênico
Embora apresente marcadas semelhanças com os últimos profetas de Israel, sua concepção de divindade é composta pelo racionalismo helênico. Ésquilo dispensou o politeísmo de seu tempo em favor do monoteísmo.
Investigando o problema do sofrimento humano em sua última trilogia, Ésquilo chega à conclusão de que é o mal no homem e não a inveja dos deuses que destrói a felicidade. A razão correta e a boa vontade são os pilares do primeiro sistema moral que encontra expressão no teatro.
Foi na feição profundamente religiosa de seu pensamento que diferiu dos contemporâneos mais jovens. Uma ponte lançada entre a religião primitiva e a filosofia posterior.
Ésquilo sustentava corretamente que suas tragédias eram apenas parte do trabalho de Homero.
As peças ainda não eram mais que oratórios animados, fortemente influenciados pela poesia mélica que exigia acompanhamento instrumental e pela poesia coral suplementada por expressivos movimentos de dança.O teatro físico também se apresentava rudimentar e o palco tal como o conhecemos era praticamente inexistente.
Novamente Ésquilo divide-se: precisava escolher entre o quase ritual e o teatro, entre o coro e o drama. Mesmo tendo acentuada predileção pelo coro e pelas danças, Ésquilo trabalhou para aumentar as partes representadas: os "episódios" que, originariamente mereceram partes do drama mas simplesmente apêndices do mesmo. Um outro grande passo na evolução da tragédia foi a introdução do segundo ator.
É preciso lembrar que as atores "multiplicavam-se" com o uso de máscaras além que efeitos de multidões podiam ser criados com o uso de participantes "mudos" ou do coro.
Ésquilo cuidava das danças e figurinos, treinava os próprios coros, utilizava-se de recursos como as pausas demostrando se excelente diretor e encenador, fazendo amplo uso de efeitos que atingiram um nível extremamente elevado considerando-se os escassos recursos técnicos da época. Fazia de seus atores figuras mais impressionantes utilizando máscaras expressivamente pintadas e aperfeiçoando o uso do sapato de altas solas o coturno.
Chegar a introdução, mesmo que rudimental, de uma cenografia foi um passo que um gênio tão versátil deu com facilidade. A decoração do palco, ou seja a construção cênica tornou-se permanente junto a utilização de máquinas que conseguiram obtendo bons efeitos cênicos.
As primeiras obras:
As verdadeiras encenações do teatro ateniense estão irremediavelmente perdidas. Do trabalho de todos os dramaturgos que ganharam os prêmios anuais sobreviveram apenas as peças de Ésquilo, Sófocles, Éuripides e Aristófanes, e mesmo assim por apenas uma fração das suas obras.
No caso de Ésquilo, as tragédias remanescentes estão bem distribuídas ao longo de toda a carreira e lançam luz suficiente sobre a evolução de seu estilo e pensamento.
Seu progresso na arte deve Ter sido extraordinariamente gradual, uma vez que as primeiras peças revelam grande preponderância de intervenções corais e apenas os últimos trabalhos mostram-se bem aquinhoados em ação dramática.
Suas personagens são criaturas coloridas, muitas delas sobrenaturais, orientais ou bárbaras, e suas falas são abundantes em metáforas.Seu primeiro trabalho remanescente, As Suplicantes, provavelmente a primeira peça de uma trilogia, ainda o mostra lutando com o drama coral.
Há maior interesse quanto ao segundo drama remanescente: Os Persas, escrito em 472 a. C. trata de um fato prático contemporâneo, e foi obviamente cunhada para despertar o fervor patriótico.
A obra Prometeu: O tema da trilogia parece ser a evolução de Deus em cumprimento da lei da necessidade. De um tirano jovem e voluntarioso Zeus converte-se em governante maduro e clemente, tão diverso do Zeus da Ilíada quanto o Jeová de Isaías.
Édipo e Agamemnon: Após estabelecer uma providência moral no universo, só restava a Ésquilo fazer com que a vontade desta prevalecesse entre os homens. Na primeira delas, uma tragédia de Édipo, Ésquilo recusou as explicações pré-fabricadas e foi além da convencional teoria grega da maldição familiar.
Em A Oréstia, apresentada em 458 a C. , dois anos antes da morte do autor, é novamente a tragédia da uma casa real. Trata mais uma vez de uma maldição hereditária, que teve início na vago mundo da lenda. Esta trilogia é formada por: o Agamemnon que será vítima de sua esposa que assim vinga a morte da própria filha.
Nas Coéforas, segunda tragédia da trilogia, o filho de Agamemnon, Orestes encontra-se em curioso dilema: em obediência à primitiva lei da vendeta deveria matar os assassinos de seu pai mas a conseqüência deste ato o tornaria um matricida. Depois do assassínio as Fúrias enlouquecem Orestes.
Ésquilo transformara o ritual em drama, trouxera a personalidade humana para o teatro e incluíra a visão espiritual no drama.



Sófocles:
 

Nascido em 495 a C, desfrutou das comodidades de filho de um rico mercador e das vantagens de uma bela aparência.
Era  tão bem afeiçoado que aos dezesseis anos foi escolhido para liderar o coro de meninos que celebrou a vitória de Salamina. Após doze anos empenhados no estudo e no treinamento, Sófocles estava pronto para atuar no teatro,Ésquilo perdeu para ele o primeiro prêmio. Esta primeira peça fio seguida por outras cem ou mais, dezoito das quais receberam o primeiro prêmio, sendo que as demais nunca ficaram abaixo do segundo.
Interpretava suas próprias peças. Apenas a relativa fraqueza de sua voz, levou-o a desistir da profissão de ator. Foi também sacerdote ordenado, ligado ao serviço de dois heróis locais, Arconte e Esculápio; o deus da Medicina. Sófocles foi até mesmo diretor do Departamento do Tesouro.
Sófocles foi o ídolo querido do povo de Atenas, pertencendo à longa linhagem de escritores que negam a teoria de que o gênio nunca pode ser reconhecido enquanto vivo.Sua vida que durou por noventa anos, não revelou qualquer declínio de sua popularidade.
Uma narrativa afirma que Sófocles pretendia criar as pessoas tais como deviam ser, enquanto Eurípides as fazia tais como eram.Há dois tipos de sofrimento em suas tragédias – excesso de paixão e aquele que brota de um acidente. 
Embora Sófocles aceitasse oficialmente os deuses gregos, estes não afetavam sua filosofia.No mundo sofocliano o homem deve esforçar-se para introduzir ordem em seu próprio espírito.Entretanto é na elaboração artística de suas tragédias que Sófocles cria a ordem, gosto e equilíbrio tão raramente encontráveis no mundo real.
A obra
De início Sófocles imitou a grandeza de Ésquilo, depois foi para o extremo oposto, adotando uma forma excessivamente lacônica e finalmente encontrou o meio-termo entre ao dois estilos, atingindo o método apaixonado e contido que caracteriza todas as suas últimas peças.
Mesmo sendo verdade que não podia violar várias normas e/ou interdições como a eliminação do coro, Sófocles fez a melhor coisa que podia ser feita, reduzindo-o ao mínimo e relegando-o ao segundo plano, e sentiu-se também livre para aumentar os limites das complicações dramáticas da peça.
Um primeiro passo dado por ele foi a adição de um terceiro ator interlocutor ao drama ático. Um segundo passo foi a abolição da forma trilógica.
Seu trabalho apresenta forte semelhança com a arquitetura e a escultura do seu tempo, que dava preferência a pequenos templos e estátuas de deuses não maiores que um ser humano bem proporcionado.
Ele emprega ironia trágica ou contraste patético com grande habilidade e a efetividade do estratagema é mostrada no poderoso Édipo Rei. Mestre na nascente e difícil arte da caracterização, Sófocles é mestre consumado no artifício do suspense trágico do qual Édipo Rei é um exemplo supremo.
Através de várias alusões, sabe-se de mais ou menos cem peças perdidas, atribuídas a Sófocles. Títulos e fragmentos também indicam que Sófocles escreveu algumas peças satíricas ou cômicas muito populares.
As Traquinianas 
É a mais fraca de todas pela falta de unidade desde que o interesse é dividido entre Dejanira e seu marido, e a peça usa mais do recurso narrativo do que costumamos encontrar na obra de Sófocles. Mas a tragédia comporta um poderoso e comovente estudo da mulher ciumenta. Esta peça é desprovida de indagações cósmicas e sociais, deve muito de seu interesse exclusivamente à lúcida analise das personagens de meia idade.
Mais eficaz é Ajax, uma tragédia anterior, penetrante análise de um soldado corajoso mas hipersensível, que é destruído pelo excesso de suas melhores qualidades. Rematando esse drama de caracteres, Sófocles cria outra de suas bem realizadas mulheres, a escrava Tecmessa. 
Mas a maior contribuição de Sófocles ao drama de caracteres está em sua Electra, na qual trata o tema de As Coéforas de Ésquilo unicamente em termos da personalidade humana. Para Ésquilo o problema era ético, Sófocles resolve o problema moral e aceita o assassinato materno colocando-o na distante antigüidade. Tendo solucionado a questão ética, volta-se inteiro ao problema da personagem.
Filoctetes exibe o seu lado mais ameno, é uma tragédia apenas no sentido grego (devido à exaltada dramaticidade), não faz uso de catástrofe ao final e o espírito da obra é pastoral.
Frases cortantes sublinham os comentários de Sófocles sobre os caminhos do mundo: "A guerra jamais massacra o homem mau", e "Aos saqueadores jamais sopra um vento adverso". Mas a atmosfera dominante é de loucura e luz e o poeta nos assegura que a perversidade do mundo é compensada algumas vezes pela imaculada humanidade.
Entretanto, é significativo que Sófocles apenas tenha atingido sua plena estatura quando, ao invés de contentar-se com simples estudos de personagens e observações mais ou menos fugidas sobre o gênero humano, voltou-se para temas maiores, bem definidos. Há dois deles em sua obra remanescente: as relações do homem com a sociedade e os labirintos do destino.
Édipo 
Sem ser moralmente responsável, Édipo é psicologicamente responsável pelos tormentos. Consequentemente é um personagem dinâmica e um sofredor ativo; na verdade, é uma das figuras trágicas da literatura.A história é determinada por uma profecia que Édipo irá matar o seu pai e casar com a sua mãe; a ação desta primeira peça é a descoberta da realização dessa profecia.
A estória de Édipo nos convida a descer às profundezas da antropologia e psicanálise modernas que foram intuitivamente investigadas pelos poetas desde tempos antigos. Somos relembrados dos impulsos anárquicos que complicam a vida do homem e se exprimiram em tantos tabus primitivos e neuroses civilizadas. Como toda obra de arte superior, esta tragédia tem uma vida dupla: aquela que expressa e aquela que provoca.
A seqüência a esta tragédia, o sereno e encantador Édipo em Colona, escrito muitos anos mais tarde, é o Purgatório e Paraíso do Inferno de Sófocles. O problema do destino inexplicável colocado pelo Édipo Rei não é respondido no trabalho posterior. Mas pelo menos uma solução é indicada: O que o homem não pode controlar, ao menos pode aceitar; o infortúnio pode ser suportado com fortaleza e enfrentado sem sentimento de culpa. Édipo está purgado e curado. E com ele, nós que o seguimos aos abismos imergimos liberados e fortificados.
Logo após a apresentação de Édipo em Colona, em 405 Sófocles foi juntar-se à sombra de Ésquilo. No mesmo ano fatídico falecera também Eurípides e morreria a glória que era a Grécia, pois Atenas sucumbiria ao poderio militar de Esparta. Nenhum mestre da alta arte da tragédia floresceu em Atenas após a morte de Sófocles.


Eurípides:

O homem  que vivia com seus livros numa caverna na ilha de Salamina era um estranho no seu tempo. Dizia-se de Eurípides que passava dias inteiros sentado, a meditar, desprezava o lugar comum e era melancólico e insociável.
Nos cinqüenta anos de teatro, durante os quais escreveu noventa e duas peças, conquistou apenas cinco prêmios, o ultimo após sua morte. Alvo dos poetas cômicos, especialmente de Aristófanes, tornou-se objeto das mais desenfreadas zombarias.
Julgado por impiedade deixou Atenas totalmente desacreditado. A corte macedônia do rei Arquelau honrou-o. Mas apenas uns dezoito meses depois veio tragicamente a falecer. Eurípides é o exemplo clássico do artista incompreendido.
Sócrates colocava-o acima de todos os outros dramaturgos e jamais ia ao teatro senão quando Eurípides tinha uma de suas peças encenadas. Sófocles respeitava seu colega-dramaturgo, ainda que não aprovasse seu realismo.
 Atenas estava mudada, rica, poderosa e cosmopolita em virtude de seu comércio e imperialismo, a Atenas de sua juventude ofereceu o solo adequado para a filosofia liberal que mais tarde experimentou dias tão negros.
Eurípides esteve estreitamente ligado à religião. Foi um dos muitos livres-pensadores da Europa, criados numa atmosfera religiosa. Eurípides permaneceu suscetível aos valores estéticos da adoração religiosa até o fim de seus dias. Seu fascínio como dramaturgo está nesse dualismo entre o pensamento e a fantasia, entre emoção e a razão.
Os sofistas, que questionavam todas as doutrinas e ensinavam a arte do raciocínio, o enfeitiçaram para sempre. Foi a partir deles que o primeiro dramaturgo "moderno" desenvolveu o hábito do sofisma em seu diálogo e adotou uma perspectiva social que sustentava a igualdade de escravos e senhores, homens e mulheres, cidadãos e estrangeiros.
Quando Atenas se empenhou na luta de vida ou morte com a Esparta anti-intelectual, provinciana e militarista, acorreu em sua defesa não apenas como soldado mas também como propagandista que exaltava seus ideais.
Prolongando-se a guerra com Esparta e sofrendo Atenas derrota após derrota, o povo perdeu a predisposição para a razão. Péricles, o estadista liberal, viu sua influência desaparecer, um a um, Eurípides viu seus amigos e mestres silenciados ou expulsos da cidade.
Eurípides continuou a escrever peças que mantiam em solução os ensinamentos dos exilados, sendo pessoalmente salvo do banimento em parte porque suas heresias eram mais expressas por suas personagens que por ele mesmo e em parte porque o dramaturgo apresentava sua filosofia num molde tradicional. 
Euripides pôde continuar em Atenas por longo tempo mesmo sendo considerado com suspeita e suas peças recebendo normalmente o segundo ou terceiro lugar dos vigilantes juízes do festival de teatro.
Suas peças freqüentemente têm dois finais: um inconvencional, ditado pela lógica do drama e outro convencional, para o povo, violando a lógica dramática.
Se algumas vezes Eurípides comprou sua liberdade intelectual às custas da perfeição, a compra foi uma barganha em termos de evolução dramática. Enquanto brincava de cabra-cega com seu público, conseguiu criar o mais vigoroso realismo e a crítica social da cena clássica. O povo simples começou a aparecer em suas peças e seus heróis homéricos eram freqüentemente personagens anônimos ou desagradáveis. Outras personagens homéricas com Electra e Crestes são até hoje casos caros à clinica psiquiátrica. Eurípides e o primeiro dramaturgo a dramatizar os conflitos internos do indivíduo sem atribuir a vitória final aos impulsos mais nobres.
A obra de Eurípides constitui, sem dúvida alguma, o protótipo do moderno drama realista e psicológico.
Em 431, ano de Medéia, Atenas entrou em sua longa e desastrosa guerra com Esparta. Não era momento para um homem como Eurípides preocupar-se com problemas predominantemente pessoais.Por certo, ao envelhecer, Eurípides pouco fez para granjear a favor de seus concidadãos. Na verdade, atormentavam-no ainda mais do que ao tempo em que escrevia seus mais amargos dramas sociais. Foi declarado blasfemo e sofista. Segundo o poeta cômico Filodemo, Eurípides deixou Atenas porque quase toda a cidade "divertia-se às suas custas".